Impactos do Coronavírus no Comércio Exterior
06/05/2020Os impactos econômicos do Coronavírus começaram na China e já alcançam o Brasil e seu comércio exterior. Conheça os principais impactos causados pela pandemia.
A pandemia causada pelo COVID-19 alcançou as principais economias do mundo e necessariamente vai impactar o comércio internacional. A começar pelo país de origem, foi na China, mais precisamente na província de Wuhan, onde foram notificados os primeiros casos de infecção. A resposta do governo chinês foi limitar atividades sociais e industriais, e como o maior economia exportadora do mundo – representando 12% do total do comércio mundial – era de se esperar que os países começassem a experienciar impactos causados pela escassez de produtos chineses que abastecem diversos mercados.
As consequências iniciais dos problemas na China foram “exportadas” para dois grandes blocos econômicos. A Europa foi muito atingida e dada a necessidade de adoção do amargo remédio do distanciamento social e de atividades industriais, algumas das principais economias do mundo se viram com problemas de oferta e demanda. Na Itália, Espanha, França e Alemanha, famílias começaram a reduzir o consumo de diversos itens só preservando o essencial. Os Estados Unidos foram atingidos em seguida, sendo atualmente o país com maior volume de casos de coronavírus. Os efeitos na produção e consumo são igualmente negativos.
Felizmente, mesmo que de forma lenta, China e Europa começam a implantar medidas de retomada de convívio social e mesmo que tenhamos um “novo normal”, pouco a pouco as atividades econômicas são retomadas.
O Brasil acaba sendo envolvido pela crise diretamente, pois também está adotando o distanciamento social e sofrendo as consequências da redução da produção nacional e internacional. Um fator especial de atenção dessa crise no país, é a nossa relação comercial próxima com a China, atualmente o maior parceiro industrial que representa uma soma de 98 bilhões de dólares e 24,4% do nosso comércio internacional. Entre os produtos mais exportados ao território chinês estão a soja, o petróleo e o ferro; e entre os mais importados, produtos manufaturados em geral, telefones, motores e geradores.
No segmento de importação, o Brasil enfrenta problemas relacionados à oferta e ao funcionamento produtivo dos seus principais fornecedores como China, Alemanha e Holanda, mas também em relação ao custo das importações. A depreciação do câmbio na ordem de 29,3% (segundo o Banco Central) nesse primeiro trimestre dificultou a viabilidade de diversas cadeias no Brasil. Um exemplo de indústria que já sofre com a escassez de produtos para importação, é a de produtos elétricos e eletrônicos. Segundo a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) 57% das empresas associadas reportaram problemas em relação ao fornecimento de peças vindas da China e 15% das empresas estudam reduções nas linhas de montagem. Em média, a produção no setor será 31% abaixo do previsto.
Na exportação iremos encarar nossas próprias dificuldades logísticas e uma demanda incerta para nossa oferta de commodities industriais e agrícolas. São mais de US$ 200 bilhões em jogo, e com a própria China, que tem uma previsão de crescimento econômico baixo (1,2% PIB em 2020 segundo FMI) encontraremos dificuldades. Por outro lado, a desvalorização do Real pode beneficiar segmentos exportadores dando início a uma expansão mais robusta com o atenuamento da crise.
O atual cenário representa um desafio para todos os setores e não poderia ser diferente para o comércio exterior. Também é verdade que a crise vai premiar as empresas que melhor se adaptarem às principais questões do setor como câmbio, logística e orientação à demanda. A capacidade de atuar de forma ágil e incorporar tecnologia também vai influenciar os vencedores nesse período. Vale lembrar que o Brasil tem menos de 30% do seu PIB atrelado à exportação ou importação, mesmo nesse período complexo nossas empresas devem se preparar para uma maior imersão na economia mundial.
Fontes: Banco Central, Abinee, MDIC, FMI, Banco Mundial.
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