O cenário disruptivo da educação mundial durante a pandemia
31/07/2020Como a pandemia do coronavírus ampliou a adesão à revolução digital da educação mundial e quais as barreiras para consolidação deste veículo de aprendizado.
A necessidade do isolamento social para contenção da disseminação do coronavírus foi responsável por uma transformação sem precedentes em diversos segmentos. A educação, numa escala global, atravessa sua maior mudança estrutural desde o início do séc. XX. Segundo a UNESCO, no dia 23 de março de 2020 havia 1,38 bilhão de estudantes sem acesso físico à escola, em 186 países distintos.
Em resposta, o ensino à distância deixa de ser aparato de apoio e é convertido num veículo cerne da educação, promovendo o impulso definitivo para uma rápida inovação de hábitos, tanto no ensino como na aprendizagem, no segmento. O mundo se depara com o maior movimento de digitalização da história da aprendizagem. Apenas na China, 250 milhões de estudantes se converteram às plataformas virtuais. Um levantamento recente do Google apontou um aumento de 130% nas buscas por especializações à distância neste período de distanciamento social. O e-learning tomou uma dimensão de protagonismo.
Há de se ressaltar que o investimento global em edtechs (segmento de startups voltadas à educação) apresentava uma ascensão clara mesmo no mundo pré-pandemia. As expectativas do Fórum Econômico Mundial projetavam um salto de US$ 18,66 bilhões em 2019 para US$ 350 bilhões em 2025. Esses números devem ser recalculados em decorrência da transição forçada para o digital. Contudo, é possível especular que tal cifra seja alcançada antes.
Diversos aplicativos de ensino, workplace softwares e plataformas de videoconferências ampliaram seu acesso gratuito e colhem um volume de adesão monumental de novos usuários. No Brasil, a Catho Educação apontou um aumento nas matrículas para cursos à distância de 70% entre 21 de março e 6 de abril deste ano, enquanto o interesse pelos cursos remotos aumentou em 45%.
A Byju’s se consolidou como a edtech mais valiosa do mundo após uma rodada de financiamento de US$ 540 milhões. Esse aplicativo indiano divulgou recentemente um aumento de 200% no número de usuários. Na China, o DingTalk anunciou sua expansão para 100.000 novos servidores em nuvem. Uma parceria com a Universidade de Zheijiang disponibilizou 5 mil cursos virtuais em 2 semanas no DingTalk ZJU. Já a rede pública de comunicação BBC lançou o Bitesize Daily, sua plataforma de ensino para crianças do Reino Unido. Mais exemplos como esses se multiplicam pelo mundo.
Entretanto, há uma problemática clara advinda de transformação tão repentina na educação mundial. A difícil adaptação de professores e dos conteúdos para o ambiente digital, além da qualidade de acesso à internet e de dispositivos tecnológicos adequados ao aprendizado. Essas questões estruturais se convertem em barreiras para a universalização do e-learning.
Esses são impasses significativos, capazes de acentuar as desigualdades de oportunidade entre crianças, jovens e adultos. Esses problemas estão presentes na maioria dos países, mas alguns saíram na frente com o uso de ferramentas mais avançadas. China, Cingapura e Estônia são exemplos de países referências em uma rápida adaptação ao e-learning, em virtude de suas experiências prévias no uso de tecnologia digital na educação em larga escala.
Não existem somente as barreiras estruturais na consolidação do e-learning. Algumas instituições internacionais que oferecem especializações à distância já estão mais avançadas nas suas ferramentas de ensino e plataformas, porém, em geral, apresentam outros tipos de barreiras, com a burocracias nas operações de pagamentos de matrículas e aulas, sendo assim um empecilho para o ingresso de estrangeiros. Estes alunos “de fora” têm acesso a poucas formas de pagamento, além de estarem vulneráveis às condições cambiais dos seus países e dos impostos lá aplicados. Além de um processo mais demorado, em geral, os valores finais convertidos se tornam elevados e, devido a impossibilidade de parcelamento, muitos alunos acabam desistindo de seguir o curso.
Vencidas tais dificuldades, o e-learning tende a se tornar ferramenta maestra da educação. Em comparação com o ensino presencial, o aprendizado digital gera, pelo menos, 25% mais retenção de conteúdo em 40% menos tempo, segundo dados do Fórum Econômico Mundial. Essa maior eficiência nasce da possibilidade de imposição do próprio ritmo nos estudos, dando assim uma maior flexibilidade ao aluno. A idade também é fator de influência no e-learning. Existe consenso entre especialistas de que crianças demandam ambientes compartilhados de aprendizagem, enquanto jovens adultos se habituam melhor a ferramentas digitais.
O futuro do e-learning é suportar sistemas de ensino totalmente online ou híbridos? Qual espaço para a educação presencial que conhecemos? Não temos uma resposta precisa. Fato é que não estamos diante de uma adaptação momentânea e sim de uma tendência consolidada. É importante que as empresas aperfeiçoem aspectos didáticos de suas plataformas e ao mesmo tempo superem as barreiras tecnológicas e de pagamentos. Assim, garantirão o acesso de todos a um ensino digital de ponta. A tecnologia pode ser uma grande aliada para uma maior acessibilidade e isonomia na oferta de educação básica e avançada.
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