Open Banking no Brasil: que mudanças podemos esperar?
05/04/2021O Open Banking no Brasil já é uma realidade. Descubra as possibilidades de transformação do Sistema Financeiro Brasileiro.
O ano de 2021 pode entrar para a história como um ponto de virada do ecossistema financeiro do Brasil. A implantação do Open Banking pelo Banco Central do Brasil (BCB) visa mudar a lógica de funcionamento do Sistema Financeiro Nacional (SFN) por meio da quebra do monopólio informacional que as instituições financeiras detêm. Com o Open Banking, os clientes se tornam donos dos seus próprios dados e podem compartilhar, via processo digital, essas informações com fintechs e bancos autorizados.
O que é Open Banking
O Open Banking deriva do conceito de open data, um entendimento de que dados devem ser livremente utilizados e disponíveis para exploração de pessoas físicas ou jurídicas. Aplicado ao sistema econômico, significa a descentralização de informações financeiras e o compartilhamento de dados para melhoria das ofertas de produtos e serviços.
Assim, a concepção de posse de informação mudou: os dados passam a ser propriedade de seus titulares, não mais de instituições financeiras. Ou seja, o ponto fundamental do Open Banking é o controle total dos clientes sobre seus dados. Somente os titulares podem autorizar o fluxo de seus dados entre instituições financeiras, havendo obrigatoriamente o consentimento para o compartilhamento.
Open Banking Brasil: como o projeto funcionará no país
O Open Banking não é uma exclusividade brasileira, e cada país tem liberdade para criar suas próprias regras. O Reino Unido foi o pioneiro no desenvolvimento do modelo, tendo implementado seu sistema em 2018. Austrália e Índia já começaram a desenvolver seus moldes, enquanto países como EUA, Rússia e Canadá ainda estudam formas de incorporar o conceito aos seus sistemas financeiros. De acordo com dados da Juniper Research, o open banking no mundo deve atingir 40 milhões de usuários em dezembro de 2021.
O projeto brasileiro prevê a transferência de informações cadastrais (como nome, CPF/CNPJ, telefone, endereço), transacionais (renda/faturamento, perfil de consumo e/ou capacidade de compra) e sobre produtos em utilização (empréstimos, financiamentos, seguros e/ou aposentadorias). Tudo isso desde que o dono das informações concorde em compartilhá-las. O prazo para acesso aos dados é de 12 meses a partir da data da permissão às instituições.
Para participar do Open Banking no Brasil, as instituições financeiras devem ser reguladas pelo Banco Central. Algumas delas, consideradas como S1 ou S2 (com porte igual ou maior a 10% do PIB ou com atividade internacional expressiva e com porte entre 1% e 10% do PIB, respectivamente) são obrigadas a aderirem ao programa. Já as instituições de pagamento e as Fintechs podem escolher participar ou não. Vale ressaltar que, uma vez que uma instituição participe, ela tem o direito de acesso aos dados, mas também é obrigada a concedê-los, caso haja solicitação por parte do cliente.
Novas possibilidades para clientes e instituições financeiras
O novo sistema permite a abertura de contas em instituições financeiras sem necessidade de iniciar o relacionamento do zero. Clientes podem, por exemplo, compartilhar seus dados para buscar financiamentos a juros mais atrativos e transferir sua dívida de um banco para outro. A diminuição da burocracia para financiamentos e consórcios também é prevista.
Sob o ponto de vista das instituições financeiras, o acesso às informações dos titulares reduz riscos e custos na concessão de financiamentos e pode significar uma revolução no mercado de crédito. Mas não somente: o Open Banking deve impactar segmentos de seguros, investimentos, cartões e câmbio.
Com o projeto, o BCB espera incentivar a eficiência e a transparência, democratizar o acesso a serviços financeiros, além de promover um ecossistema de inovação e competitividade.
Parcerias e inovações
Nesse cenário, é provável que aconteçam parcerias entre bancos tradicionais e fintechs, que podem se complementar no atendimento. Os bancos detêm extensos portfólios de produtos, mas relacionamento distante com clientes. Em contrapartida, as fintechs são referência em user experience, porém possuem poucas opções de prateleira. Através do Open Banking, será possível contratar produtos de um banco no aplicativo de uma fintech, por exemplo.
A dinâmica financeira tende a evoluir de uma relação de dependência entre cliente e banco para uma de encaixe entre produtos de diferentes instituições financeiras. Seria como uma peça de Lego: você escolhe as soluções com melhores taxas e condições de acordo com suas necessidades. Algo como ter conta em um banco, adquirir empréstimo em outro e manter sua aposentadoria privada em um terceiro.
Em resposta, o mercado financeiro deve investir em inovações. Poderemos assistir ao surgimento de plataformas de comparação de produtos, serviços e taxas, nos moldes dos atuais agregadores de passagens aéreas e hotéis. Seria o início dos marketplaces de soluções financeiras.
O Bexs acompanha as mudanças do mercado de câmbio e pagamentos brasileiro há mais de 30 anos e pode ajudar sua empresa com as nossas soluções customizadas. Clique aqui para contatar nossos especialistas.