Dólar se mantém estável com esperanças de acordos comerciais
12/05/2025Como os dados econômicos concretos dos EUA ainda não mostram danos claros causados pelo caos tarifário, os mercados financeiros focaram principalmente nas notícias de que houve progresso em direção a acordos comerciais que reduziriam os níveis tarifários.
O acordo comercial entre EUA e Reino Unido trouxe poucos detalhes e parece ter escopo limitado, mas foi suficiente para impulsionar os ativos de risco e dar um leve suporte ao dólar. Notícias divulgadas no fim de semana de que houve “progresso substancial” nas negociações comerciais entre China e EUA, também com poucos detalhes, fizeram com que os futuros e o dólar subissem nas negociações da manhã asiática. Fora das moedas do G10, as moedas latino-americanas se valorizaram, enquanto as asiáticas recuaram em relação às altas recentes, mas os movimentos foram contidos.
Esperamos que o foco mude das manchetes exageradas sobre as negociações para os dados macroeconômicos dos EUA nesta semana. O relatório de inflação de abril será divulgado na terça-feira e deve mostrar uma recuperação em relação ao mês anterior, embora ainda seja provavelmente cedo para refletir o impacto do “liberation day”. As vendas no varejo e os pedidos semanais de seguro-desemprego também merecem atenção. Todos os principais relatórios da zona do euro e do Reino Unido referem-se ao período anterior ao “liberation day”, então os mercados provavelmente os ignorarão. Portanto, os discursos de autoridades do Federal Reserve, Banco da Inglaterra e BCE ganharão importância adicional nesta semana.
Brasil
O anúncio do acordo entre Estados Unidos e China para a suspensão das tarifas bilaterais por 90 dias, bem como o entendimento de redução permanente das mesmas para o patamar de 10%, alivia os mercados, refletindo um maior apetite ao risco global. Entretanto, não diminui a pressão em ativos de emergentes, como principalmente a moeda brasileira. O DXY vem acumulando uma alta acima de 1% no início da semana e, em meio ao cenário global mais otimista que se desenha, o foco é direcionado para pautas locais, como a condução da Política Monetária por meio da divulgação da ata do Copom na terça-feira. A expectativa é que o documento reforce a cautela do comitê, evitando antecipação por parte dos principais agentes do mercado, haja vista que, como já sinalizado, a incerteza do cenário exige uma atenção adicional e, por isso, há indefinição da próxima decisão.
Estados Unidos
Além das pesquisas, continua difícil encontrar evidências concretas de que os tarifários estejam prejudicando a economia dos EUA. Dados de alta frequência do mercado de trabalho indicam que, embora as empresas estejam contratando com menos intensidade, não há demissões significativas ocorrendo. O conjunto de dados de abril (inflação e vendas no varejo) será fundamental nesta semana. A inflação deve se recuperar após o piso registrado em março, mas os tarifários terão pouca influência nisso, já que as importações que chegaram aos EUA em abril, em sua maioria, foram isentas. Da mesma forma, as vendas no varejo de bens importados em abril provavelmente foram abastecidas com estoques anteriores às tarifas. A próxima divulgação de inflação provavelmente será mais relevante, mas, mesmo assim, a alta incerteza destacada pelo Federal Reserve na semana passada significa que cada novo dado será analisado com atenção incomum.
Europa
Os relatórios econômicos da zona do euro são os mais lentos de serem compilados entre as grandes economias, portanto, ainda não vimos dados concretos refletindo o impacto do “liberation day”, apenas pesquisas. Estas mostram uma resiliência relativa, e o pacote de expansão fiscal massiva da Alemanha é outro motivo para otimismo. Assim, as expectativas de mercado por mais três cortes por parte do BCE e por uma taxa terminal baixa de apenas 1,5% parecem precificar um impacto econômico dos tarifários dos EUA que pode não se concretizar, especialmente considerando o tom mais positivo das negociações nos últimos dias. Nesta semana, há poucos eventos relevantes na zona do euro, então o euro deverá reagir aos desenvolvimentos em outras regiões.
Reino Unido
Apesar de ter cortado os juros em 25 pontos-base conforme o esperado, o tom da reunião do Banco da Inglaterra na semana passada foi mais “hawkish” (inclinado ao aperto monetário) do que o mercado previa, levando os investidores a precificarem apenas mais dois cortes de juros para o restante do ano. A libra também foi impulsionada pelas notícias sobre o acordo comercial EUA-Reino Unido. Embora o conteúdo do acordo tenha sido relativamente limitado, os mercados parecem perceber que o impacto do novo regime comercial sobre o Reino Unido será relativamente leve, o que levou a libra ao topo da tabela das principais moedas na semana. Os dados do mercado de trabalho desta semana, embora defasados, devem ser positivos, mostrando novos ganhos salariais robustos e criação de empregos.
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