A taxa de juros dos EUA deve ser reduzida após inflação abaixo do esperado
27/10/2025Espera-se que o Fed reduza as taxas novamente na quarta-feira, apesar da paralisação do governo, já que não há nada nos dados atrasados que possa ter impedido um corte em outubro. Esperamos que o presidente Powell dê uma forte indicação de outra redução das taxas em dezembro, em linha com o último gráfico de pontos do FOMC. No entanto, há uma incerteza considerável sobre o seu curso futuro. A inflação nos EUA permanece significativamente acima da meta e há poucas informações sobre o estado da economia, dada a paralisação federal.
A reunião do BCE de outubro segue-se um dia depois, mas espera-se que as taxas permaneçam inalteradas num futuro previsível. Todos os olhos estarão voltados para a reunião de quinta-feira entre Trump e o presidente chinês Xi, com os mercados se posicionando para boas notícias após relatos de que um acordo comercial havia sido alcançado no fim de semana. Ainda não se sabe se isso resultará na assinatura de um acordo ou em outro adiamento das tarifas, mas os investidores ficarão satisfeitos com o fato de que a ameaça de impostos exorbitantes parece ter sido evitada.
Brasil – BRL
Aqui, por mais um dia, o dólar resistiu abaixo da marca de R$ 5,40, mas fechou em leve alta de 0,12%, a R$ 5,3926. Porém, as pressões sazonais de final de ano das remessas ao exterior já começam a adicionar preferência por compra de moeda estrangeira. Aqui, na sexta-feira, o IPCA-15 de 0,18% em outubro, bem abaixo de setembro (0,48%) e do esperado (0,24%), aumentando as apostas de que o Copom pode iniciar o ciclo de quedas da Selic em janeiro, com a curva de juros elevando a precificação para 67%.
A notícia do final de semana foi o encontro de domingo entre Trump e Lula, na Malásia. A conversa foi positiva e os presidentes encaminharam às suas equipes as negociações para a revisão do tarifaço de 50%, que pode sair rápido. Uma nota publicada no X pela Casa Branca trouxe uma declaração muito promissora de Trump após o encontro com Lula: “É uma grande honra estar com o presidente do Brasil. Acho que conseguiremos fechar bons negócios para ambos os países.”
Estados Unidos – USD
Apesar da paralisação do governo federal, que provavelmente superará a paralisação de 2018/19 como a mais longa já registrada, finalmente recebemos alguns dados econômicos importantes dos EUA na semana passada. O relatório de inflação de setembro, que estava atrasado, ficou um pouco abaixo do esperado, com o número principal caindo para 3% pela primeira vez desde janeiro. No entanto, isso ainda está significativamente acima da meta, como tem sido nos últimos quatro anos, com o próprio Federal Reserve esperando que permaneça assim pelo menos até 2028.
Nada disso parece capaz de impedir o Fed de reduzir as taxas novamente na quarta-feira, ou em sua reunião subsequente em dezembro. No entanto, as perspectivas para as taxas no próximo ano estão envoltas em incerteza, especialmente devido à quase total ausência de dados econômicos confiáveis em meio à paralisação do governo. Ainda acreditamos que o caminho de menor resistência para o dólar é de baixa no médio prazo, e um Fed mais acomodativo em 2026 apenas reforçaria essa visão.
Europa – EUR
Uma recuperação inesperada nos PMIs da atividade empresarial da zona do euro fornece uma validação importante para nossa opinião de que o ciclo de corte de taxas do BCE chegou ao fim. Esperamos que a reunião desta semana seja um evento sem importância, com a presidente Lagarde sinalizando pouco apetite para uma flexibilização adicional. A melhora nos PMIs foi particularmente notável no setor de serviços alemão, talvez um sinal precoce de que o pacote de estímulo fiscal está começando a ser sentido. Por outro lado, a atividade na França continua estagnada, em parte devido à grande incerteza criada pela recente crise política.
Acreditamos que tanto os PMIs quanto a postura hawkish do BCE devem oferecer um apoio modesto ao euro até o final do ano. As notícias sobre um acordo comercial entre os EUA e a China também devem ser positivas para a moeda comum, dada a exposição relativamente alta do bloco à economia chinesa.
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RELATÓRIOS ESPECIAIS
Encontre nossos relatórios especiais do mês de outubro aqui (em inglês):
1. Perspectivas Cambiais da América Latina – Outubro de 2025
2. Prévia da Reunião do FOMC de Outubro
3. Perspectivas Cambiais do G3 – Outubro de 2025
Fx Talk: O nosso podcast sobre o mercado cambial global.
Temos o prazer de ter a presença, no episódio de hoje, do economista-chefe da Peel Hunt, Kallum Pickering. Kallum traz consigo mais de uma década de experiência como economista em Londres e é um comentarista regular na área de mercados financeiros, tendo feito várias aparições ao longo dos anos em canais como Bloomberg e CNBC. Ele também escreve colunas regulares no Telegraph, Spectator e Evening Standard.
Esta semana, falamos sobre os mercados de títulos globais, a política fiscal e a atual situação difícil em que os governos se encontram. Os níveis de endividamento estão aumentando, os custos dos empréstimos estão aumentando e o envelhecimento da população está prejudicando os cofres públicos.
Mas o que isso significa para a economia global e como as autoridades podem lidar com a questão? Também damos nossas opiniões sobre o que esperar do Orçamento de Outono do Reino Unido, em novembro.
