A taxa de câmbio USD/BRL está se aproximando de níveis não vistos desde maio do ano passado
11/11/2025Embora as ações de tecnologia tenham tido sua pior semana desde a liquidação do Dia da Libertação em abril, os mercados cambiais, em geral, absorveram bem a mini-queda impulsionada pela inteligência artificial.
As moedas do G10 permaneceram em faixas estreitas, enquanto algumas moedas de mercados emergentes registraram ganhos modestos. Em meio a essa calmaria, a libra esterlina resistiu bem à postura mais flexível do Banco da Inglaterra, registrando ganhos modestos em relação ao dólar. A moeda que mais perdeu na semana foi o dólar neozelandês, que caiu após a divulgação de dados decepcionantes do mercado de trabalho. No momento em que este texto é escrito, crescem as esperanças de uma resolução para o impasse da paralisação do governo federal nos EUA. Isso reiniciaria a divulgação de dados econômicos e lançaria luz sobre o estado da economia americana.
Esta semana será agitada no Reino Unido, com a divulgação dos dados do mercado de trabalho na quarta-feira, seguida pelo PIB do terceiro trimestre e pela produção industrial de setembro na quinta-feira. Poucas novidades são esperadas na zona do euro. Se receberemos alguma notícia impactante sobre a economia americana dependerá, obviamente, de um acordo para encerrar a paralisação. Também acompanharemos os desdobramentos no mercado de ações, já que os efeitos sobre o patrimônio e o impacto do investimento em IA provavelmente representaram um suporte líquido para o dólar americano.

Brasil – BRL
A taxa de câmbio USD/BRL está se aproximando de níveis não vistos desde maio do ano passado, após a reunião da semana passada do Banco Central do Brasil, marcada por postura mais restritiva. Na reunião, os membros do comitê de política monetária mantiveram a taxa Selic em 15%, como esperado. A ata da mesma reunião, divulgada nesta manhã, revelou que o banco pretende manter as taxas inalteradas “por um período prolongado” para incentivar a convergência da inflação para a meta estabelecida.
Nesse sentido, parece que as elevadas taxas de juros, em seus níveis mais altos em quase duas décadas, estão surtindo efeito, já que a inflação geral desacelerou mais do que o previsto em outubro, para 4,68%. Para o restante da semana, as atenções se voltarão para os dados de vendas no varejo, que serão divulgados nesta quinta-feira.
Estados Unidos – USD
Os dados limitados, provenientes de fontes privadas ou estatais, que ainda recebemos dos EUA sugerem que a criação de empregos continua anêmica, mas as demissões permanecem em níveis muito baixos. O relatório de demissões da Challenger da semana passada pareceu mostrar um pico nas dispensas, mas desconsideramos fortemente esse dado específico, pois ele não tem se mostrado um indicador confiável no passado.
Embora a economia dos EUA pareça relativamente ilesa pela paralisação, ainda não recebemos dados suficientes para confirmar essa tese. Também argumentamos há muito tempo que isso poderia mudar rapidamente caso a paralisação se prolongue por um período significativo. Os cancelamentos de viagens aéreas e o caos desta semana podem ser o primeiro sinal de danos duradouros. No entanto, esperamos que a pressão política adicional decorrente desse e de outros impactos leve a um acordo que restabeleça o fluxo normal de dados e relatórios econômicos em breve.
Europa – EUR
O euro voltou a subir para perto do nível de 1,16 em relação ao dólar americano no final da semana passada, embora tenha sido uma semana sem grandes notícias internas, com exceção de alguns números ligeiramente decepcionantes das vendas no varejo em setembro. A única notícia relevante da zona do euro esta semana será a divulgação da primeira revisão dos números do PIB do terceiro trimestre. Aguardamos os dados para confirmar a leve melhora no tom das notícias econômicas recentes, que tem sido claramente evidente nos números do PMI da atividade empresarial.
Com o Banco Central Europeu prestes a manter as taxas de juros inalteradas num futuro próximo, continuamos aguardando sinais de que o enorme pacote de estímulo fiscal da Alemanha, anunciado no início do ano, esteja começando a se refletir nos principais indicadores econômicos. Isso pode ser o catalisador necessário para uma nova valorização do euro em relação ao dólar.
Leia aqui a Atualização semanal de Mercado completa (em inglês)
RELATÓRIOS ESPECIAIS
Encontre nossos relatórios especiais do mês de outubro aqui (em inglês):
1. Perspectivas Cambiais da América Latina – Outubro de 2025
2. Perspectivas cambiais da Europa Central e Oriental – Novembro de 2025
3. Perspectivas Cambiais do G3 – Novembro de 2025
Fx Talk: O nosso podcast sobre o mercado cambial global.
Novo episódio: A guerra comercial entre EUA e China se aproxima do momento decisivo.
Neste episódio, abordamos:
1) O Fed cortará as taxas de juros novamente esta semana, apesar da paralisação do governo.
2) As negociações comerciais entre EUA e China: um acordo, um atraso ou um colapso?
3) Os PMIs do G3: o que eles nos dizem sobre o estado das principais economias?