Mercados emergentes se recuperam com o otimismo entre os EUA-China

09/06/2025

As ações e o crédito subiram na semana passada, com os investidores continuando a apostar que o pior já passou no que diz respeito às tarifas de Trump.

O dólar manteve-se em faixas estreitas em relação a seus pares do G10, portos seguros como o iene japonês e o franco suíço sofreram, e os investidores continuaram a buscar retornos em locais mais exóticos. As moedas da América Latina e da Orla do Pacífico foram as principais beneficiadas, com o real brasileiro e o won coreano liderando o caminho, impulsionados por desenvolvimentos domésticos positivos. No final, os eventos da semana (a reunião de junho do BCE e os relatórios de folha de pagamento dos EUA) não foram suficientes para mudar muito o rumo das coisas e não alteraram a narrativa básica: o Banco Central Europeu não reduzirá as taxas muito abaixo de 2% e a economia dos EUA é resistente ao caos tarifário.

Agora que os piores temores sobre o impacto das tarifas de Trump sobre o crescimento e o emprego nos EUA parecem ter se dissipado um pouco, passamos para o lado da inflação. O relatório de preços de maio dos EUA desta semana, na quarta-feira, é fundamental. Os economistas esperam uma recuperação modesta no subíndice básico devido aos aumentos nos preços das importações, mas a incerteza é muito grande devido à falta de precedentes históricos. Além dos EUA, teremos uma semana movimentada no Reino Unido, com dados do mercado de trabalho na terça e na quarta-feira, finalizados pelo PIB mensal de abril na quinta-feira. Uma série de discursos de autoridades do BCE deve esclarecer a aparente guinada agressiva da instituição em sua reunião de junho.

 

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Brasil

A moeda brasileira liderou o ranking de desempenho entre as moedas emergentes em relação ao dólar na semana passada, impulsionado por um otimismo crescente em relação às negociações tarifárias entre EUA e China, bem como pelo progresso nas discussões entre o governo e o Congresso sobre a reforma do IOF. No domingo, o ministro Fernando Haddad anunciou a jornalistas medidas que devem agradar o mercado, incluindo uma redução significativa nas alíquotas inicialmente propostas e outras iniciativas para aumentar a arrecadação e cortar gastos.

Nesta semana, o índice de inflação IPCA, na terça-feira, será crucial, especialmente para o mercado de títulos, uma vez que os investidores permanecem divididos sobre a decisão de política monetária de junho. Atualmente, o mercado aposta em um último aumento da taxa Selic na próxima semana, elevando-a para 15%. Contudo, a confirmação de uma desaceleração da inflação amanhã poderia rapidamente alterar as expectativas dos investidores, resultando em uma reviravolta que colocaria o real novamente sob pressão. Além da pauta doméstica, as negociações comerciais entre os presidentes Trump e Xi serão determinantes para o sentimento em relação às moedas emergentes.

Estados Unidos

O dólar enfrentou pressão devido a uma série de dados negativos sobre o mercado de trabalho ao longo da semana passada. No entanto, a desvalorização foi contida por um relatório de folha de pagamento de maio relativamente sólido, divulgado na sexta-feira. Apesar de revisões para baixo, totalizando cerca de 100 mil empregos a menos nos dois meses anteriores, o panorama geral está alinhado com o observado no mercado de trabalho dos EUA nos últimos meses: criação de empregos consistente, embora em ritmo mais lento, e poucos sinais de demissões generalizadas. A surpresa de alta nos salários reforçou a percepção de que o banco central americano pode se dar ao luxo de aguardar, e os mercados não esperam cortes de juros antes de setembro.

O mercado de títulos do Tesouro dos EUA se estabilizou após semanas turbulentas, mas permanece suscetível a choques. Uma surpresa de alta no relatório de inflação desta semana poderia ser um desses gatilhos. Além disso, os investidores acompanharão de perto a próxima rodada de negociações comerciais entre autoridades dos EUA e da China, marcada para esta segunda-feira em Londres. Há expectativas de que a conversa telefônica “muito boa” da semana passada entre os presidentes Trump e Xi possa pavimentar o caminho para um compromisso, resultando em um acordo que, em última análise, leve à implementação de tarifas mais baixas.

Europa

A reunião do Banco Central Europeu (BCE) na última quinta-feira não conseguiu reverter a pressão de venda sobre o euro, desencadeada pela surpreendente desaceleração da inflação, que caiu abaixo da meta de 2%. Contudo, o BCE surpreendeu os mercados quando a presidente Christine Lagarde afirmou que o ciclo de cortes de juros está próximo do fim. Embora as taxas, atualmente em 2%, sugiram um espaço limitado para novos cortes, a franqueza do BCE pegou os investidores desprevenidos, e o euro conseguiu registrar ganhos apenas modestos após a reunião de quinta-feira.

Os dados econômicos da Zona do Euro têm se mantido relativamente sólidos. No entanto, distorções defasadas e relacionadas às tarifas comerciais provavelmente explicam grande parte da força observada nos números do PIB do primeiro trimestre e nas exportações alemãs. Esta semana deve ser tranquila para o euro, com a divulgação apenas de dados de segundo nível e discursos de autoridades do BCE. Os participantes do mercado também estarão atentos às negociações comerciais entre Estados Unidos e China, buscando avaliar o tom do presidente Trump em relação a possíveis concessões.

Reino Unido

A libra esterlina cai em relação à moeda brasileira, embora continue subindo contra o dólar e o euro. As revisões positivas dos dados de sentimento empresarial do PMI de maio, divulgadas na semana passada, reforçam o tom do Banco da Inglaterra, que adiou qualquer perspectiva de corte de juros para, no mínimo, o outono. Os membros do comitê de política monetária permanecem divididos quanto ao rumo futuro das taxas, mas a maioria parece favorecer juros elevados. O governador Andrew Bailey reiterou na semana passada que o banco adotará uma abordagem “cuidadosa e gradual” em relação a possíveis cortes.

Espera-se que os dados do mercado de trabalho desta semana indiquem que os salários estão crescendo acima de 5% novamente, nível suficiente para sustentar o consumo, apesar da inflação elevada. A isenção do Reino Unido das tarifas elevadas impostas pelos Estados Unidos sobre aço e alumínio, aliada à melhoria nas relações com a União Europeia, confirma que o país está relativamente bem posicionado para enfrentar o realinhamento do comércio global. Assim, mantemo-nos otimistas em relação à libra.

China

O yuan teve um desempenho inferior ao da maioria das moedas na semana passada. Os dados econômicos recentes da China têm sido mistos, mas, em geral, não muito animadores. Os números do PMI do Caixin chamaram a atenção: enquanto o índice de serviços permaneceu estável, o PMI de manufatura caiu inesperadamente de 50,4 para 48,3 em maio, marcando a queda mais acentuada desde setembro de 2022 e a primeira contração em oito meses, impulsionada por uma queda no volume de novos pedidos. Embora isso sugira que as tarifas estejam pressionando a economia da China, o período inicial de coleta de dados pode ainda não refletir o impacto de qualquer redução de tarifas.

A semana passada também trouxe notícias sobre a ligação telefônica entre Trump e Xi, que o presidente dos EUA descreveu como “muito boa”, anunciando uma visita combinada à China. No entanto, a ligação teve um impacto limitado, produzindo apenas uma melhora fugaz no sentimento do mercado em relação à tensa relação entre os EUA e a China. A semana começa com otimismo renovado, já que as negociações comerciais entre os EUA e a China devem ser retomadas hoje em Londres.

 

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