Dólar avança com forte dados econômicos dos EUA e preocupações geopolíticas
07/10/2024A recuperação do dólar se estendeu, com os fortes dados econômicos dos EUA, combinados com as preocupações geopolíticas, aumentando a busca pela segurança oferecida pela moeda americana.
O relatório de folha de pagamento de setembro dos EUA, que foi um estouro, deu mais combustível à alta, com os mercados agora vendo efetivamente nenhuma chance de um segundo corte consecutivo de 50 pontos-base nas taxas do Federal Reserve (Fed) em sua próxima reunião, em novembro, principalmente após alguns comentários do presidente Powell. Todas as principais moedas caíram em relação ao dólar, com exceção de alguns exportadores de petróleo latino-americanos, liderados pelo peso mexicano, que aproveitaram a alta acentuada dos preços das commodities e sua distância do Oriente Médio.
Nesta semana, o foco volta a ser a inflação, já que o relatório de setembro do Brasil e dos EUA serão divulgados na quarta e quinta-feira, respectivamente. Além disso, uma série de diretores de bancos centrais estão programados para falar publicamente ao longo da semana, e qualquer comentário sobre a política monetária poderia impactar a negociação das moedas. Em outra nota, os investidores estarão observando atentamente os eventos que se desenrolam na guerra do Oriente Médio, embora o ápice dos conflitos parecem estar no passado.
Dólar Americano (USD)
O dólar recebeu impulso após o impressionante relatório da folha de pagamentos de setembro, em que a criação de empregos, o desemprego e os aumentos salariais foram significativamente melhores do que o esperado. Os mercados agora veem menos de 10% de chance de um corte de 50 pontos-base na taxa de juros americana em novembro, com um corte “padrão” de 25 pontos-base sendo agora o cenário de referência do mercado.
Embora os ativos de risco tenham reagido bem às taxas mais baixas dos EUA, a força da economia americana, um banco central mais agressivo e os crescentes temores geopolíticos sobre a escalada no Oriente Médio podem manter o dólar bem cotado. A principal fonte de incerteza agora é a eleição presidencial. Ela continua muito próxima, com as probabilidades de apostas apontando para um empate após o debate vice-presidencial da semana passada.
Euro (EUR)
Ao contrário do dólar, o euro não está protegido pelo presságio de taxas de juros mais altas ou pelo status de porto-seguro, o que garantiu outra semana de perdas da moeda comum. O relatório de inflação do bloco mostrou outro número fraco, confirmando que o Banco Central Europeu está no caminho para flexibilizar a política monetária novamente. Na verdade, os mercados estão precificando cortes em cada uma das próximas quatro reuniões, até o segundo trimestre de 2025.
Embora achemos que isso seja um pouco agressivo, é evidente que a deterioração dos dados de atividade arrisca um ritmo mais rápido de cortes. De forma encorajadora, os números do PMI de setembro da semana passada foram revisados para cima em relação à estimativa inicial, embora os dados continuem consistentes com a estagnação econômica do bloco. A forte divergência no desempenho econômico com os EUA significa que o diferencial da taxa de juros teve o maior aumento desde a pandemia, e o euro sofreu com isso. Nesta semana, uma série de dados econômicos, bem como diversos palestrantes do BCE e a ata da última reunião do banco central serão observados de perto.
Libra Esterlina (GBP)
A recuperação incessante da libra esterlina teve uma pausa na semana passada. Os investidores usaram alguns comentários peculiares do governador do Banco da Inglaterra (BoE), Bailey, como uma desculpa para realizar alguns lucros. Bailey alertou que o MPC poderia cortar as taxas de juros de forma mais agressiva se a inflação do Reino Unido continuasse a cair, embora o economista-chefe Pill parecesse ter jogado água fria sobre essas observações apenas um dia depois. Os mercados reagiram precificando um ciclo de flexibilização mais agressivo do BoE, mas achamos que os comentários de Bailey foram levados muito ao pé da letra e tinham apenas a intenção de ser um aviso, e não uma confirmação de um ritmo mais rápido de cortes no futuro.
Apesar da retração da semana passada, a libra continua sendo a moeda do G10 com melhor desempenho em 2024. A divulgação do PIB de agosto desta semana, na sexta-feira, deve confirmar a relativa resiliência da demanda do Reino Unido, pelo menos em comparação com a Zona do Euro, portanto, esperamos que a recuperação da libra esterlina seja retomada, pelo menos na ausência de qualquer acontecimento dramático no Oriente Médio.
Real (BRL)
Apesar da performance mista na semana passada, mantemos nossa visão de que o real continuará a se beneficiar do maior diferencial de juros e do ambiente global mais construtivo, principalmente com os estímulos chineses novamente ocupando o centro dos holofotes. Houve poucas notícias dignas de nota no cenário local na semana passada, e a elevação da nota de crédito do Brasil trouxe certo alívio, embora a atual situação fiscal mantenha o país como um aluno apenas mediano.
O resultado das eleições deste domingo deve ter impacto limitado nos mercados, embora uma possível vitória da direita no segundo turno possa ter um efeito mais significativo. Enquanto isso, os investidores devem observar com atenção os dados de inflação desta semana. Como as coisas estão, mesmo uma queda no IPCA de setembro seria insuficiente para movimentar as expectativas em relação ao rumo da Selic, com os mercados atualmente projetando uma aceleração no ciclo de ajustes para cima que, se confirmado, pode manter os argumentos a favor do real.
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