Relatório sólido sobre os salários nos EUA interrompe queda do dólar, por enquanto
07/07/2025Os dados fortes sobre o mercado de trabalho nos EUA contradizem a narrativa de desaceleração e acabaram efetivamente com qualquer possibilidade de um corte nas taxas de juros em julho.
O dólar se beneficiou do aumento resultante nas taxas de curto prazo e conseguiu terminar perto do meio da tabela de desempenho do G10 na semana. A ação dos preços nos sugere que os níveis atuais refletem muitas notícias ruins para o dólar americano, que teve o pior primeiro semestre desde que Nixon retirou a moeda do padrão-ouro em 1973. Um destaque negativo na semana passada foi a libra esterlina, que sofreu junto com os títulos do Tesouro britânico devido à inquietação com a situação das finanças do Reino Unido em meio à crescente probabilidade de aumentos de impostos no outono.
A escassez de relatórios importantes das principais áreas econômicas significa que as notícias sobre política e tarifas estarão em destaque. Espera-se que estas últimas, em particular, impulsionem os mercados, já que a pausa de três meses nas tarifas anunciada por Trump expira na terça-feira. Os mercados estão aceitando esse risco com naturalidade por enquanto, presumindo que os acordos serão anunciados no último minuto ou que novas prorrogações serão concedidas, como o secretário do Tesouro, Bessent, tem sugerido. Também estaremos prestando muita atenção aos mercados de títulos do Reino Unido, pois eles parecem estar desempenhando o papel de alerta de perigo quando se trata da crescente insustentabilidade das finanças públicas em todo o mundo avançado.
Brasil
A crise entre o Congresso e o governo foi colocada em espera após a decisão do ministro Alexandre de Moraes de suspender as ações relacionadas ao imposto IOF e agendar uma audiência de conciliação para o dia 15. Apesar da turbulência, os recentes desenvolvimentos dessa questão tiveram impacto mínimo sobre o real brasileiro, que se beneficiou de um ambiente externo mais favorável e das altas taxas de juros oferecidas pelo Brasil, com expectativa de que não haja cortes de juros até 2026.
Nesta semana, o destaque é o relatório do IPCA de junho, previsto para ser divulgado na quarta-feira às 9h, com expectativa de um aumento mensal próximo de zero, indicando nova desaceleração na margem. No entanto, a inflação ainda está distante da meta anual de 3% e do limite superior de tolerância de 4,5%. Em relação às tarifas de Trump, o Brasil, assim como outros países que enfrentam a tarifa mínima de 10%, dificilmente sairá ileso. Portanto, o prazo das tarifas desta semana deve ter pouco efeito sobre o real.
Estados Unidos
A economia dos EUA continua a mostrar uma resiliência impressionante aos ventos contrários que enfrenta e às previsões econômicas sombrias. O relatório de empregos de junho dissipou qualquer ideia de que o mercado de trabalho dos EUA está estagnado. A criação constante de empregos foi acompanhada por uma queda no desemprego, e os números de pedidos de seguro-desemprego continuam oscilando perto dos mínimos históricos. Aliás, o relatório deu mais apoio à atitude de esperar para ver e à relutância do presidente Powell em cortar as taxas de juros, como Trump está pressionando agressivamente para que ele faça.
A aprovação do projeto de lei orçamentária republicano, que garante déficits fiscais maciços até onde a vista alcança, parece ter tido pouco impacto nos mercados no curto prazo, mas, assim como no Reino Unido, esperamos que os mercados de títulos e sua disposição (ou falta dela) para acomodar todo esse déficit sejam um fator cada vez mais importante na formulação de políticas nos próximos meses e anos.
Europa
Esperamos ver algumas notícias sobre este último nos próximos dias. As tarifas de 50% impostas por Trump à União Europeia, originalmente previstas para entrar em vigor a 9 de julho, só entrarão em vigor a 1 de agosto, o que oferece uma certa flexibilidade. Os discursos de alguns responsáveis do BCE, incluindo os membros Lane, de Guindos e Nagel, serão também acompanhados de perto.
Reino Unido
Por outro lado, a libra também caiu significativamente em relação ao euro, o que nos sugere que a moeda pode estar próxima do seu preço justo. Os dados macroeconómicos desta semana, nomeadamente a produção industrial, a construção e o comércio, terão provavelmente um impacto limitado, dado o desfasamento temporal. No entanto, estaremos atentos aos dados mensais do PIB de maio, que serão divulgados na sexta-feira e que deverão revelar uma expansão muito modesta, após a contração registada em abril.
China
Por enquanto, o foco está nas manchetes comerciais, com os EUA tentando fechar um acordo com vários grandes países asiáticos. Além disso, vale a pena acompanhar os dados sobre a inflação na China, divulgados na quarta-feira. Os dados têm servido como um dos sinais mais claros da fraca demanda, e os preços ao consumidor devem cair pelo quinto mês consecutivo.
Conte com o Ebury Bank para ser seu parceiro de câmbio, fale com nossos especialistas e descubra como podemos ajudar a escalar os negócios da sua empresa.