Investidores se preparam para decisões de juros no Brasil e nos EUA

15/09/2025

O banco central dos EUA certamente reduzirá as taxas pela primeira vez desde dezembro na quarta-feira, com os dados recentes sobre o emprego sugerindo que o banco está agora bem atrás da curva.

A inflação nos EUA tem estado bem acima das metas do Fed nos últimos cinco anos e está lentamente tendendo a subir. No entanto, os sinais de desaceleração do mercado de trabalho continuam a aumentar, o que está pressionando o Fed a reduzir as taxas. As ações continuam atingindo novos recordes, e o dólar se mantém estável, talvez porque seus principais rivais tenham seus próprios problemas, como a estagnação contínua na Europa e um surto ainda pior de estagflação no Reino Unido. O principal beneficiário dessas dificuldades gerais continua sendo o ouro, com alta impressionante de 40% em relação ao dólar americano neste ano.

O destaque desta semana será a reunião do Federal Reserve em setembro, que todos esperam que reduza as taxas pela primeira vez em 2025. Não esperamos um corte gigantesco de 50 pontos-base, pois isso causaria pânico e talvez resultasse em uma liquidação no mercado financeiro. As vendas no varejo dos EUA em agosto, na terça-feira, e os pedidos semanais de seguro-desemprego, na quinta-feira, darão mais luz sobre a extensão da desaceleração econômica. Uma semana tranquila na zona do euro contrasta com uma enxurrada de dados sobre o mercado de trabalho (terça-feira) e inflação (quarta-feira) no Reino Unido.

 

Brasil – BRL

Enquanto o governo Trump não anuncia uma retaliação imediata à condenação de Bolsonaro pela trama golpista, o dólar voltou à faixa de R$ 5,35, no nível mais barato em três meses, desde junho. A apreciação do real contou também por um dos eventos mais importantes do ano, a volta dos cortes de juros nos EUA. Embora a atividade econômica tenha moderado, há pelo menos três fatores que devem justificar a manutenção da Selic em 15% e um discurso ainda conservador: o mercado de trabalho aquecido, a resiliência da inflação de serviços e as expectativas desancoradas.

Os dados têm se enfraquecido gradualmente no Brasil, mas não o suficiente para mudar o curso do Banco Central, que deve permanecer conservador na reunião desta semana. Como se nota, o cenário está todo endereçado para o investidor desarmar parte das posições compradas no dólar, embora os ruídos fiscais, políticos e eleitorais ainda prometam impor níveis de suporte (piso) à moeda americana. Entretanto, não acreditamos que a condenação de Bolsonaro ou a guerra comercial com Trump mudarão muito para os ativos locais.

 

Estados Unidos – USD

A reunião do Federal Reserve desta semana promete ser crucial, e não apenas do ponto de vista da política monetária de rotina. Não está claro se a governadora Cook poderá participar, já que ela está enfrentando Trump na Justiça por causa de sua tentativa de demiti-la. Mas os holofotes estarão voltados para o aspecto da estagflação em que o presidente Powell decidirá se concentrar: a desaceleração do mercado de trabalho (um problema mais urgente depois que o BLS revelou que havia superestimado enormemente os ganhos de empregos) ou uma taxa de inflação que ainda está claramente acima da meta.

As recentes declarações do presidente Powell sugerem que será o primeiro, e ele provavelmente moderará seu otimismo em relação ao mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que enfatizará novamente que qualquer aumento da inflação induzido por tarifas será temporário. Esperamos que o Fed prepare o terreno para outra redução das taxas na próxima reunião em outubro. Também poderíamos ver uma revisão bastante significativa para baixo no gráfico de pontos, o que colocaria o ponto mediano de 2026 muito mais próximo dos preços de mercado.

 

Europa – EUR

A reunião de setembro do BCE foi o evento sem novidades que a maioria dos participantes do mercado esperava. A coletiva de imprensa de Lagarde foi bastante conservadora, pois ela afirmou que o banco não estava excessivamente preocupado com a inflação e que as autoridades acreditavam que a política estava em uma “boa posição”. A menos que algo bastante extraordinário aconteça, acreditamos que o ciclo de flexibilização chegou ao fim e que os mercados de swaps não estão mais precificando novos cortes.

No entanto, o fechamento da diferença de taxas de juros com os EUA (um fator positivo para a moeda comum) agora é contrabalançado por preocupações com o quadro fiscal francês. Tal como no Reino Unido, mesmo cortes modestos parecem ser politicamente impossíveis e o déficit francês é o pior da zona euro. Os níveis de tributação já elevadíssimos tornam difícil compensar o diferencial através do expediente habitual de aumentos de impostos.

A descida da notação soberana da França pela Fitch no fim de semana sublinha o problema. Esta semana é tranquila para a zona euro, pelo que o euro será negociado em função dos acontecimentos em outros locais.

 

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Fx Talk: O nosso podcast sobre o mercado cambial global.

Estamos muito felizes por receber, no episódio desta semana, a diretora de Iniciativas da China da Ebury, Isabel Ye Qiu. A revelação das tarifas do presidente Trump causou estragos nas cadeias de abastecimento em todo o mundo, especialmente na China. Como as empresas estão reagindo? A China conseguirá manter sua vantagem sobre o resto da região e como a Ebury pode ajudar no ambiente atual? Isabel nos conta tudo!

Nos mercados, o dólar caiu após a divulgação de mais um relatório fraco sobre os salários nos EUA. O que os dados nos dizem sobre o estado da maior economia do mundo? E como o Fed responderá na sua próxima reunião na próxima semana?

 

 

 

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