Investidores se preparam para decisões de juros no Brasil e nos EUA

O banco central dos EUA certamente reduzirá as taxas pela primeira vez desde dezembro na quarta-feira, com os dados recentes sobre o emprego sugerindo que o banco está agora bem atrás da curva.A inflação nos EUA tem estado bem acima das metas do Fed nos últimos cinco anos e está lentamente tendendo a subir. No entanto, os sinais de desaceleração do mercado de trabalho continuam a aumentar, o que está pressionando o Fed a reduzir as taxas. As ações continuam atingindo novos recordes, e o dólar se mantém estável, talvez porque seus principais rivais tenham seus próprios problemas, como a estagnação contínua na Europa e um surto ainda pior de estagflação no Reino Unido. O principal beneficiário dessas dificuldades gerais continua sendo o ouro, com alta impressionante de 40% em relação ao dólar americano neste ano.O destaque desta semana será a reunião do Federal Reserve em setembro, que todos esperam que reduza as taxas pela primeira vez em 2025. Não esperamos um corte gigantesco de 50 pontos-base, pois isso causaria pânico e talvez resultasse em uma liquidação no mercado financeiro. As vendas no varejo dos EUA em agosto, na terça-feira, e os pedidos semanais de seguro-desemprego, na quinta-feira, darão mais luz sobre a extensão da desaceleração econômica. Uma semana tranquila na zona do euro contrasta com uma enxurrada de dados sobre o mercado de trabalho (terça-feira) e inflação (quarta-feira) no Reino Unido.

Brasil - BRL

Enquanto o governo Trump não anuncia uma retaliação imediata à condenação de Bolsonaro pela trama golpista, o dólar voltou à faixa de R$ 5,35, no nível mais barato em três meses, desde junho. A apreciação do real contou também por um dos eventos mais importantes do ano, a volta dos cortes de juros nos EUA. Embora a atividade econômica tenha moderado, há pelo menos três fatores que devem justificar a manutenção da Selic em 15% e um discurso ainda conservador: o mercado de trabalho aquecido, a resiliência da inflação de serviços e as expectativas desancoradas.Os dados têm se enfraquecido gradualmente no Brasil, mas não o suficiente para mudar o curso do Banco Central, que deve permanecer conservador na reunião desta semana. Como se nota, o cenário está todo endereçado para o investidor desarmar parte das posições compradas no dólar, embora os ruídos fiscais, políticos e eleitorais ainda prometam impor níveis de suporte (piso) à moeda americana. Entretanto, não acreditamos que a condenação de Bolsonaro ou a guerra comercial com Trump mudarão muito para os ativos locais.

Estados Unidos - USD

A reunião do Federal Reserve desta semana promete ser crucial, e não apenas do ponto de vista da política monetária de rotina. Não está claro se a governadora Cook poderá participar, já que ela está enfrentando Trump na Justiça por causa de sua tentativa de demiti-la. Mas os holofotes estarão voltados para o aspecto da estagflação em que o presidente Powell decidirá se concentrar: a desaceleração do mercado de trabalho (um problema mais urgente depois que o BLS revelou que havia superestimado enormemente os ganhos de empregos) ou uma taxa de inflação que ainda está claramente acima da meta.As recentes declarações do presidente Powell sugerem que será o primeiro, e ele provavelmente moderará seu otimismo em relação ao mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que enfatizará novamente que qualquer aumento da inflação induzido por tarifas será temporário. Esperamos que o Fed prepare o terreno para outra redução das taxas na próxima reunião em outubro. Também poderíamos ver uma revisão bastante significativa para baixo no gráfico de pontos, o que colocaria o ponto mediano de 2026 muito mais próximo dos preços de mercado.

Europa - EUR

A reunião de setembro do BCE foi o evento sem novidades que a maioria dos participantes do mercado esperava. A coletiva de imprensa de Lagarde foi bastante conservadora, pois ela afirmou que o banco não estava excessivamente preocupado com a inflação e que as autoridades acreditavam que a política estava em uma “boa posição”. A menos que algo bastante extraordinário aconteça, acreditamos que o ciclo de flexibilização chegou ao fim e que os mercados de swaps não estão mais precificando novos cortes.No entanto, o fechamento da diferença de taxas de juros com os EUA (um fator positivo para a moeda comum) agora é contrabalançado por preocupações com o quadro fiscal francês. Tal como no Reino Unido, mesmo cortes modestos parecem ser politicamente impossíveis e o déficit francês é o pior da zona euro. Os níveis de tributação já elevadíssimos tornam difícil compensar o diferencial através do expediente habitual de aumentos de impostos.A descida da notação soberana da França pela Fitch no fim de semana sublinha o problema. Esta semana é tranquila para a zona euro, pelo que o euro será negociado em função dos acontecimentos em outros locais.

Leia aqui a Atualização semanal de Mercado completa

Fx Talk: O nosso podcast sobre o mercado cambial global.

Estamos muito felizes por receber, no episódio desta semana, a diretora de Iniciativas da China da Ebury, Isabel Ye Qiu. A revelação das tarifas do presidente Trump causou estragos nas cadeias de abastecimento em todo o mundo, especialmente na China. Como as empresas estão reagindo? A China conseguirá manter sua vantagem sobre o resto da região e como a Ebury pode ajudar no ambiente atual? Isabel nos conta tudo!Nos mercados, o dólar caiu após a divulgação de mais um relatório fraco sobre os salários nos EUA. O que os dados nos dizem sobre o estado da maior economia do mundo? E como o Fed responderá na sua próxima reunião na próxima semana?

Newsletter

Cadastre-se para receber os últimos insights dos mercados de pagamentos e câmbio, e tendências econômicas, de inovação, tecnologia, entre outros.