Dólar volta a subir, à medida que os receios de recessão nos EUA diminuem
29/09/2025Alguns dados econômicos sólidos dos EUA impulsionaram o dólar na semana passada, ao mesmo tempo em que fizeram com que os mercados reduzissem as apostas de cortes nas taxas de juros.
Os gastos continuam saudáveis e consistentes com um crescimento decente, apesar da desaceleração do mercado de trabalho. Com poucos sinais de aceleração econômica do outro lado do Atlântico, o aumento resultante nas taxas dos EUA foi suficiente para impulsionar o dólar em relação a todas as principais moedas.
A decisão iminente sobre a legalidade da demissão do governador do Fed, Cook, por Trump, e suas implicações para a independência do Federal Reserve, continuam sendo um risco para o dólar, mas, por enquanto, a principal alternativa ao dólar americano parece ser o ouro, e não outras moedas.
Em circunstâncias normais, o foco desta semana teria sido o importante relatório sobre os empregos não agrícolas na sexta-feira, mas a política americana pode mais uma vez roubar a cena. Uma possível paralisação do governo, caso o prazo de 1º de outubro para a aprovação da lei de financiamento não seja cumprido, pode resultar no adiamento da divulgação do relatório. O relatório preliminar sobre a inflação de setembro na zona do euro (quarta-feira) será o outro foco dos investidores.
No Reino Unido, o frágil sentimento do mercado de títulos manterá os holofotes voltados para a política interna do Partido Trabalhista e seu impacto sobre o déficit e a próxima declaração orçamentária.
Brasil – BRL
Diante da mudança na postura do banco central americano, o dólar à vista interrompeu sua alta, recuando 0,49% e sendo cotado a R$ 5,3360 na sexta-feira. Por outro lado, a aproximação de Lula e Trump acabou ajudando a reduzir o pessimismo. Porém, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, que desde o início lidera as negociações sobre as tarifas dos Estados Unidos ao Brasil, admitiu que a Casa Branca ainda não entrou em contato com autoridades brasileiras.
Enquanto se aguarda a possível conversa entre Lula e Trump, ainda sem data definida, o foco estará na visita de Tarcísio de Freitas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, marcada para hoje. No encontro, Tarcísio deve definir se será candidato à Presidência em 2026 ou se disputará a reeleição ao governo de São Paulo.
Estados Unidos – USD
O crescimento do PIB no segundo trimestre foi revisado para cima na semana passada, e as vendas de imóveis, os pedidos de bens duráveis e a renda e os gastos pessoais ficaram acima do esperado. A economia dos EUA parece estar crescendo a um ritmo constante, mesmo com o mercado de trabalho criando poucos empregos, um sinal de que a desaceleração do emprego tem mais a ver com a oferta (reduzida pela repressão à imigração e pela demografia) do que com uma economia vacilante.
Uma série de relatórios sobre o mercado de trabalho, culminando com os números da folha de pagamento de setembro na sexta-feira, trará mais clareza sobre a situação do mercado de trabalho, mas a provável falta de um acordo bipartidário para aumentar o limite da dívida pode interferir nas divulgações econômicas dos EUA. Isso provavelmente aumentará a sensação de caos político e degradação institucional, o que poderia acabar com parte da força recente que temos visto no dólar.
Europa – EUR
Os números do PMI da zona do euro divulgados na semana passada foram consistentes com um crescimento lento, com uma ligeira contração no setor manufatureiro compensada por dados um pouco mais animadores no setor de serviços. Quanto ao primeiro, ainda não vemos sinais claros de impulso do enorme pacote de estímulo alemão anunciado há quase seis meses, o que não é muito surpreendente, dada a defasagem inerente ao estímulo fiscal, especialmente aos gastos com infraestrutura — não esperamos que isso se reflita nos dados de forma significativa até o início de 2026.
As expectativas de inflação na zona do euro aumentaram ligeiramente e, embora permaneçam relativamente contidas, isso provavelmente significa que novos cortes nas taxas do Banco Central Europeu estão fora de questão. Os dados de inflação de setembro, divulgados na quarta-feira, não devem causar grande impacto. A taxa de inflação básica, que é sem dúvida a mais acompanhada pelos funcionários do BCE, deve permanecer inalterada, ligeiramente acima da meta do banco pelo quinto mês consecutivo.
Leia aqui a Atualização semanal de Mercado completa
Fx Talk: O nosso podcast sobre o mercado cambial global.
Os últimos PMIs de atividade empresarial da Europa mostraram um cenário misto na Zona do Euro e trouxeram novas preocupações sobre a saúde da economia britânica. Isso mudará as perspectivas para o Banco da Inglaterra? E o que os investidores em títulos pensam sobre a última decisão do Federal Reserve (Fed)?
Nossos analistas também analisam as últimas decisões de política monetária na Escandinávia, onde tanto o Riksbank quanto o Norges Bank se juntaram ao Fed no corte das taxas de juros.