Dólar perde ganhos após relatórios fracos sobre o mercado de trabalho nos EUA
08/09/2025A recuperação do dólar chegou a um fim repentino na sexta-feira, após a divulgação do fraco relatório sobre o mercado de trabalho, que sugere forte desaceleração na máquina de empregos dos EUA.
Os mercados rapidamente precifacaram cortes nas três reuniões restantes do Federal Reserve em 2025, os títulos se valorizaram e as ações foram vendidas. Embora a fraqueza do mercado de trabalho dos EUA seja inegável, observamos que a resposta permaneceu relativamente moderada fora do mercado do Tesouro, e o dólar e os mercados de ações encerraram a semana não muito longe de onde começaram. No geral, o dólar continua resistente aos seus dois principais obstáculos: a degradação institucional nos EUA e a clara desaceleração da economia americana.
Embora o relatório decepcionante sobre o emprego signifique que o resultado da reunião do Fed de setembro na próxima semana já está decidido, os investidores continuarão atentos ao relatório sobre a inflação nos EUA em agosto, que será divulgado na quinta-feira. A semana europeia será dominada pela reunião do BCE de setembro, mas esperamos que o banco central tente tornar isso o mais irrelevante possível. Um fator imprevisível para os mercados será a possibilidade de novos desdobramentos no processo judicial pelo qual Trump está tentando demitir a governadora do Fed, Lisa Cook.
Brasil – BRL
Em busca de oportunidade nos mercados emergentes, os estrangeiros voltaram a olhar para o Brasil. O Ibovespa partiu para um novo recorde histórico, a curva do DI derreteu e o dólar chegou a R$ 5,3828, mas não bancou o ritmo e desacelerou a queda no fechamento para 0,63%, cotado a R$ 5,4124. O que ainda constrange o câmbio é o fiscal, com a meta de 2026 em xeque, diante da percepção no mercado financeiro de que o governo continua contando com um cenário pouco realista, de receitas superestimadas.
Os trabalhos na Primeira Turma do STF serão retomados amanhã, terça-feira, com o voto do ministro-relator Alexandre de Moraes. Haverá sessões todos os dias, até sexta-feira, 12, quando se encerra o julgamento do ex-presidente e do núcleo principal da ação. Investidores devem assumir cautela diante da possibilidade de novas sanções de Trump contra o Brasil, se os réus forem condenados. Na sexta-feira, o presidente americano voltou a comentar sobre a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, afirmando que o País adotou atitudes “lamentáveis”.
Estados Unidos – USD
O relatório sobre o mercado de trabalho dos EUA referente ao mês de agosto pôs fim ao debate sobre se o mercado de trabalho está estagnado. Apenas 22 mil empregos líquidos foram criados no mês. Além disso, as revisões dos números dos meses anteriores foram novamente negativas, e junho acabou por ser o primeiro mês em que se registou uma perda líquida de empregos desde a pandemia da COVID. O desemprego aumentou, os ganhos salariais foram anêmicos e a média móvel de quatro meses da criação de empregos está agora em seu nível mais baixo em quinze anos (excluindo o período da pandemia).
O impacto negativo das tarifas de Trump sobre a economia é agora inegável, já que o emprego na indústria manufatureira encolheu pelo quarto mês consecutivo e as pesquisas empresariais invariavelmente mencionam as perturbações relacionadas às tarifas como um grande obstáculo. Com um corte nas taxas pelo Fed garantido no final da próxima semana, todos os olhos estão agora voltados para o relatório de inflação de setembro. Espera-se que ele mostre mais um mês de inflação acima da meta e confirme que os EUA estão em plena estagflação.
Europa – EUR
A reunião do BCE de setembro pode ser esta semana, mas está sendo quase completamente ofuscada pelo drama em torno do orçamento francês. Assim como no Reino Unido, a incapacidade do governo de realizar cortes modestos nos gastos está causando turbulência no mercado de títulos. No entanto, o desfecho pode ser mais dramático no caso francês, já que o governo ameaçou renunciar caso os cortes sejam rejeitados pelo Parlamento, o que parece provável. Não teremos que esperar muito para descobrir, com a votação de confiança marcada para esta noite.
Com a inflação de volta à meta e poucas notícias econômicas esta semana, esperamos que a situação francesa seja o foco da conferência pós-reunião de Lagarde. É improvável que vejamos qualquer mudança notável em suas orientações, especialmente dada a incerteza em torno do acordo comercial entre os EUA e a UE e do pacote de estímulo da Alemanha, que não devem se refletir imediatamente nos dados econômicos.
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