A paralisação do governo dos EUA continua sem fim à vista
06/10/2025Na semana passada, isso atrasou a publicação dos dados econômicos mais importantes do mundo, o relatório sobre a folha de pagamento dos EUA. No entanto, os mercados aceitaram isso com naturalidade, já que as ações continuaram a registrar altas recordes e as taxas do Tesouro permaneceram estáveis. O dólar caiu ligeiramente em relação à maioria de suas moedas pares, embora as perdas tenham sido amplamente contidas. De fato, os mercados cambiais negociaram em algumas das faixas mais estreitas que vimos em todo o ano. O maior movimento no G10 foi o do iene, que perdeu seus ganhos na segunda-feira com a notícia da vitória do conservador Takaichi, favorável ao estímulo, na eleição para a liderança do partido governista do país.
Com democratas e republicanos aparentemente entrincheirados, a principal questão para os mercados é quanto tempo a paralisação pode durar antes de começar a causar danos reais, tanto por meio dos efeitos econômicos diretos quanto pelo atraso de relatórios importantes e pela incerteza resultante. Até o momento, os mercados permanecem otimistas. A agenda de divulgações econômicas desta semana seria excepcionalmente leve, mesmo sem a paralisação, então os mercados terão pouco a fazer além de acompanhar as manchetes sobre as negociações orçamentárias dos EUA.
Brasil – BRL
A volta à tona da cautela fiscal tem imposto algum limite à apreciação do real. Mas longe de haver estresse no câmbio, o dólar continua operando dentro do quadrado, equilibrado pelo diferencial de juros favorável. Enquanto isso, após a aprovação pela Câmara, o governo trabalha para a votação do projeto de isenção de IR no Senado, com expectativa de grande apoio, após o placar unânime de aprovação dos deputados à proposta que isentou quem ganha até R$ 5 mil mensais.
Em meio ao cenário de risco de populismo fiscal, os mercados voltaram a precificar a possibilidade do governo anunciar medidas eleitorais com impacto fiscal, após rumores do projeto para zerar as tarifas de ônibus urbanos. Aqui, o destaque é para o IPCA de setembro, que deve acelerar com a retirada do bônus de Itaipu nas contas de energia elétrica.
Estados Unidos – USD
A paralisação do governo privou os mercados de informações críticas sobre o estado da economia dos EUA, e agora temos que confiar em dados menos conclusivos gerados pelo setor privado, notadamente os números do PMI. O dado mais importante divulgado na semana passada foi a medida ADP de criação de empregos no setor privado em setembro, que foi sombria e sugeriu uma modesta destruição de empregos. Dito isso, essa medida muitas vezes divergiu do número mais influente do Payroll e, embora não tenha sido totalmente ignorada pelos participantes do mercado, seu impacto sobre o dólar foi relativamente contido.
A ausência dos dados sobre a folha de pagamento de sexta-feira significa que o gosto amargo deixado pela péssima publicação do ADP permanecerá, e quanto mais tempo o impasse continuar, mais difícil será obter uma leitura clara sobre o estado da economia dos EUA. A previsão em tempo real do Fed de Atlanta para o crescimento do terceiro trimestre aponta para uma forte expansão de quase 4% anualizada, apesar da inegável desaceleração na criação de empregos, sugerindo que esta última se deve à redução da oferta de mão de obra e não a qualquer colapso na demanda por trabalhadores.
Europa – EUR
A inflação instantânea para setembro ficou em 2,2% no índice geral e em 2,3% no subíndice básico; este último número tem se mantido estável nos últimos cinco meses. Com esses números e os PMIs de atividade empresarial consistentes com uma expansão constante, mas lenta, o BCE pode se dar ao luxo de manter as taxas em 2% no futuro próximo, em nossa opinião. Os mercados estão amplamente de acordo, com os swaps agora não precificando mais nenhum corte no horizonte previsível.
Enquanto isso, a novela política na França apresentou mais um subenredo absurdo, após a renúncia do primeiro-ministro Sebastien Lecornu na segunda-feira, um dia depois de o presidente Macron nomear seu novo governo. Os rendimentos soberanos franceses dispararam nesta manhã, com os mercados atribuindo um novo prêmio de risco aos ativos do país. Na ausência de divulgações econômicas significativas ou notícias sobre políticas no bloco comum nesta semana, esse provavelmente será o principal desenvolvimento doméstico para o euro nos próximos dias.
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