A escalada da guerra comercial entre os EUA e China abala o mercado de câmbio
13/10/2025O dólar teve sua melhor semana em meses, com as preocupações políticas prejudicando o euro, embora a retomada da guerra comercial entre os EUA e a China tenha atrapalhado os planos e provocado uma forte liquidação de ativos de risco na sexta-feira.
As ações dos EUA caíram acentuadamente e os títulos do governo se valorizaram depois que o presidente Trump postou em sua conta no Truth Social que estava planejando “aumentos massivos” nas tarifas chinesas, após Pequim ameaçar impor controles de exportação em grande escala sobre mercadorias. O dólar inicialmente foi vendido modestamente, apenas para se estabilizar, enquanto as moedas de risco se recuperaram e os futuros dos EUA estão em alta até agora hoje, depois que Trump suavizou sua retórica no fim de semana. Já passamos por isso muitas vezes antes, é claro, e os mercados estarão discretamente confiantes de que este é mais um caso em que Trump late mais do que morde.
A paralisação federal dos EUA continua sem fim à vista, e a falta de dados econômicos torna muito mais difícil avaliar o estado da economia americana. A agenda europeia está tranquila. O foco deve, portanto, permanecer na retomada da guerra comercial entre os EUA e a China, bem como na possibilidade de um acordo para reabrir o governo americano. O relatório de empregos do Reino Unido também merece alguma atenção.
Brasil – BRL
O dólar saltou de volta à faixa de R$ 5,50 e trouxe pressão à curva do DI, enquanto o Ibovespa entregou os 141 mil pontos, em uma espiral de estresse ampliada pelo viés populista do governo para o trade eleitoral. Na sexta-feira, repercutiram mal o anúncio pelo Planalto da nova política de financiamento habitacional, que libera quase R$ 40 bi, e o pacote de bondades pretendido por Lula para 2026, com impacto de R$ 100 bi no orçamento.
A equipe econômica busca novas medidas para cobrir o déficit de R$ 46 bilhões aberto no Orçamento de 2026 com a derrubada da MP 1.303 que trazia alternativas ao aumento do IOF. As especulações de que o governo voltará a recorrer ao aumento do IOF continuam circulando, estimuladas por declarações dos líderes no Congresso. Na agenda da semana, o foco estará nas vendas no varejo, serviços e IBC-Br. Sem mais grandes eventos, o cenário fiscal local também será crucial.
Estados Unidos – USD
A falta de divulgação de dados econômicos devido à paralisação do governo torna muito mais difícil avaliar o estado da economia dos EUA. Também não há fim à vista por enquanto, com os mercados avaliando a possibilidade muito real de que o fechamento possa superar a paralisação de 2018/19 como a mais longa já registrada. Por enquanto, os mercados não parecem se importar muito, e o dólar parece ser a moeda porto-seguro preferida, em parte refletindo a visão menos favorável do mercado em relação ao iene após as recentes eleições japonesas.
Os investidores parecem muito mais preocupados com o agravamento do conflito comercial entre os EUA e a China. Trump prometeu uma tarifa adicional de 100% sobre o país em retaliação à imposição pela China de controles de exportação sobre terras raras, das quais é praticamente o único fornecedor. Espera-se que isso entre em vigor em 1º de novembro, embora a suavização da retórica de Trump no fim de semana sugira que há muito tempo e espaço para negociações. A reação inicial à notícia foi vender o dólar, confirmando que os investidores não consideram as guerras comerciais positivas para o dólar.
Europa – EUR
O ruído político na França foi, sem dúvida, um dos fatores por trás da alta do dólar na semana passada, já que o euro se tornou a principal moeda alternativa ao dólar como reserva de valor e meio de troca desde o Dia da Libertação. Embora os piores cenários de novas eleições e/ou renúncia do presidente Macron tenham sido evitados até agora, ainda é muito difícil imaginar como um orçamento para 2026 será aprovado por um governo tão fragmentado.
É improvável que as preocupações em torno do impasse político na França desapareçam tão cedo, especialmente se os mercados ficarem cada vez mais receosos de que o mal-estar pesará sobre o crescimento do bloco no próximo ano. Com as preocupações fiscais cada vez mais centrais para os mercados, isso pode fazer com que o euro continue em desvantagem. Não há muito na agenda desta semana, mas ficaremos atentos aos números da produção industrial de quarta-feira, depois que os dados alemães da semana passada mostraram uma contração inesperadamente acentuada. Na ausência de surpresas, o foco permanecerá na política francesa.
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